Mudanças de escola, grupos de amigos diferentes, alterações corporais. O desenvolvimento a uma velocidade estonteante.Ideias novas a cada dia, contradições, descobertas saudáveis, descobertas perigosas. Decisões sobre o futuro.
A adolescência. O período onde a vulnerabilidade de quem ainda se lembra de ser criança vai oscilando e dando lugar às certezas de quem se torna adulto.
Uma transição poucas vezes ‘pacífica’, que se faz ouvir através de um estilo comunicacional bem característico. Que passa muitas vezes pelo silêncio, pelo afastamento e pela oposição, e que é muitas vezes entendido como um boicote à comunicação.
Pelo contrário. Como é sabido “impossível é não comunicar”.
É, de facto, uma forma de comunicar diferente. Que exige a todos os interlocutores uma atenção redobrada: a de tentar interpretar os sinais, que nem sempre são óbvios nem têm interpretação única.
Talvez esta dificuldade de comunicação seja um dos entraves à identificação de situações de risco na adolescência. É natural que haja informação que se perde e sinais que passam despercebidos. Não só aos olhos dos adultos, mas também aos olhos dos próprios adolescentes que muitas vezes se sentem perdidos naquilo que poderão ser as melhores opções a tomar.
Assim sendo, precisamos de não esquecer que ouvir é a condição-base de qualquer processo de comunicação.
É preciso que os adolescentes se oiçam e percebam em si a necessidade de pedir ajuda. É preciso que encontrem perto de si adultos disponíveis para os ouvir e acompanhar.