Não poucas vezes, chegam pais à consulta relatando as constantes faltas de concentração das suas crianças.
Tarefas que ficam por fazer, distrações habituais durante as aulas, a mochila que fica por arrumar, os livros que ficam esquecidos na sala de aula, o recado da professora que não é transmitido…
Estes pais precisam de saber o que fazer. Pedem estratégias para que os pequenos se tornem mais atentos e anseiam por rotinas menos sobressaltadas por esse “esquecimento”. Preocupados, falam daquilo que já foram lendo sobre o tão conhecido “Défice de Atenção” – e estão muito bem informados, na maioria dos casos.
Então, passemos à explicação dos princípios e façamos uma lista de estratégias a serem implementadas. Comecemos o treino de atenção o mais rápido possível.
Será?
É que entretanto, falta perceber o contexto e o significado. Falta perceber em que situações essas distrações surgem, a que assuntos dizem respeito e com que regularidade ocorrem. E, mais que isso, é preciso ir percebendo qual é o significado dessas distrações para cada criança e para cada família.
E é precisamente esse significado – que nem sempre é tão fácil de encontrar – que pode fazer a diferença na resolução de todas estas distrações.
De que servirá dar ao cérebro ferramentas que ele já tem? Ou pedir-lhe que execute tarefas que não consegue completar?
Podemos, sim, estar perante uma criança com Défice de Atenção e prosseguir para um intervenção multidisciplinar, dando ao cérebro da criança as ferramentas necessárias para que se torne mais atenta.
Ou podemos antes estar perante umas “distrações mascaradas” e, neste caso, não há comprometimento ao nível das áreas cerebrais responsáveis pela manutenção da atenção e do foco. Há antes uma interferência de questões emocionais que lhes “ocupa os pensamentos” e os distrai de tudo, ou um evitamento de tudo o que não gostam e que o cérebro faz por “esquecer” – e então tratamos isso, para que depois a atenção possa surgir.
Precisamos mesmo de descobrir essas “distrações mascaradas”.